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OPINIÃO: O Mercado dita a economia

A economia, como ciência que estuda os fenômenos relacionados com a obtenção e a utilização dos recursos materiais necessários ao bem-estar, deu lugar à economia de mercado, na qual os agentes econômicos (empresas, bancos, prestadoras de serviços etc.) podem atuar com pouca interferência governamental, tendo por objetivo o lucro.

No Brasil, a economia de mercado dominou a política, cooptou os Poderes Executivo e Legislativo e consegue influir no Judiciário através de um discurso que diz que contrariar os interesses da economia de mercado é caminhar para a terra arrasada. A opinião pública, base do sistema democrático, é flagrantemente manipulada pela grande mídia associada ou patrocinada pelo dito "mercado". Assim, o que decide o "mercado" é replicado de uma forma acrítica pela população em geral.

Nosso país é o paraíso dos bancos, que anualmente registram lucros crescentes e astronômicos, enquanto a população fica à míngua de uma política econômica que viabilize a utilização dos recursos materiais necessários ao bem-estar de todos e não somente daqueles que residem na "cobertura" da pirâmide social. A classe média, em suas várias gradações, que inclui aqueles que vivem tendo o mínimo de suas necessidades atendidas, até os que ganham para garantir supérfluos e luxos diversos, adota o discurso do capital sem perceber que está sendo empobrecida e explorada.

Há uma ilusão de óptica de parte da classe média, que a faz ver sua própria realidade de forma distorcida e que, por isto, passa a entender que benefícios sociais seriam regalias à população mais pobre. A classe média não percebe a gradual perda de poder aquisitivo e se deixa encantar pelo discurso liberal de que o mercado deve ser o balizador da economia. A classe média tende a se identificar com os ridos, entendidos como tal aqueles que não dependem do trabalho para viver e aos quais o futuro está assegurado independentemente da situação em que se encontrar o país, seus recursos estão garantidos no exterior. O brasileiro classe média viaja a Miami por alguns dias e se imagina pertencente ao time dos ricaços, que para lá mudaram suas residências. Esquece que, embora tenha recursos além do que dispõem os pobres, estes não se assemelham às regalias que gozam os donos do capital.

Ao final de 2012, tínhamos 5,5% de desempregados. Atualmente este percentual gira em torno de 13%, que representam 12 milhões de desempregados. Mas este dado é subestimado, pois não considera os 19,5 milhões de trabalhadores que vivem de "bicos", à espera de uma oportunidade de trabalho no mercado formal. Segundo estimativas da OIT - Organização Internacional do Trabalho - neste nosso país tropical teríamos um em cada cinco desempregados no mundo.

Apesar disto, estamos imersos em factoides, manipulações de opinião, preocupados em combater o mínimo que a patuléia pode ter para sobreviver, acreditando que o combate à miséria é a extinção física dos miseráveis. Assim, estão desestruturando o SUS, terminando com o Mais Médicos, espremendo a aposentadoria do andar de baixo, rebaixando o ensino público. Afinal, "as pessoas de bem" não precisam disto!

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